quinta-feira, 30 de julho de 2009

Carta Aberta dos Estudantes de Letras

Desde que entraram em greve, no começo do mês de junho, os estudantes de Letras da Universidade de São Paulo optaram por não retirar cadeiras das salas de aula, nem mesmo fazer piquetes na frente do prédio.

Essa decisão consensual no meio estudantil tinha por objetivo zelar pelo diálogo e convencimento entre as partes, portanto, sempre que uma aula começava, um grupo era formado para informar os colegas de curso sobre as decisões das assembléias (tanto de estudantes como de professores e funcionários), esclarecer dúvidas e convencê-los a aderir ao movimento.

No dia oito de junho, um professor, Gabriel Antunes de Araujo, impediu um grupo de estudantes de levar essas informações aos seus alunos. As turmas deste professor eram as únicas, no curso de Letras, a se manterem completamente lotadas durante a greve. Ao final dessa aula, uma aluna do professor encaminhou-se à assembléia dos estudantes da Letras que acontecia na entrada principal do prédio e deu informe de que o professor teria a prática de, talvez para impedi-los de aderir ao movimento grevista, informar aos alunos que ele não estava em greve, não aderiria a ela e seus alunos que o fizessem correriam o risco de ser reprovados ou por acúmulo de
faltas ou por perda de avaliações. Foi decisão unânime da assembléia que a atitude do professor poderia configurar assédio moral, já que alunos seus estavam sendo impedidos de decidir por si próprios, como informara esta estudante, se adeririam ou não à greve já deflagrada pelos três setores (professores, estudantes e funcionários). A assembléia decidiu, então, de forma conjunta, encaminhar-se até a sala onde o professor estava, sem piquete físico do lado de fora, mas com piquete moral do lado de dentro, e garantir que seus representados estudantes fossem informados, esclarecidos e tivessem o
direito de decidir por si próprios se queriam continuar dentro aquela sala ou sair dela, sem nenhuma pressão ou assédio moral.

Assim que os primeiros estudantes entraram na sala, o professor doutor
Gabriel Antunes de Araújo correu em direção a eles, deu um salto e socou com os dois punhos o peito de um ingressante do primeiro
semestre do curso, empurrando-o para trás. Em seguida, o professor saltou à porta, bateu-a com força contra os demais estudantes que entravam e tentou mantê-la fechada à força, colocando um dos pés para trás, para ter mais apoio, danificando a maçaneta da porta. Percebendo o ridículo da situação, o professor recuou, foi até sua mesa, sacou seu aparelho de telefone celular e começou a fotografar o rosto dos estudantes da assembléia. Percebendo a movimentação, outros professores que passavam pelos corredores tentaram acalmar os ânimos tanto do professor quanto dos estudantes, propondo que ali se estabelecesse o diálogo. A partir daí, Gabriel Araujo passou a dizer,
ainda em estado alterado, que nenhum estudante estaria coagido a assistir suas aulas. "Não recebo por cabeça, portanto é até melhor que eu tenha menos alunos na sala de aula", disse provocativamente o professor. Disse isso tudo não sem dirigir, de forma lamentável para um professor da universidade mais respeitada do país, palavras de baixo calão a um dos diretores do CAELL, o centro acadêmico dos
estudantes do curso de Letras da USP.

Este mesmo professor, semanas antes, entrara em conflito com o movimento estudantil, quando, segundo relatos, haveria agredido verbalmente uma aluna em uma paralisação. Na ocasião os estudantes decidiram fechar uma das entradas do prédio e deixar a outra aberta. Araujo, para espanto de todos, teria olhado de forma provocativa aos manifestantes e começado a empurrar agressivamente mesa e cadeira que ali estavam para cima de uma aluna, em uma tentativa brusca de forçar passagem. Intimidada, nossa colega retirou-se rumo à biblioteca. Tivemos relatos de que ele a teria seguido e apontado o dedo, de forma ameaçadora. Segundo outras pessoas, que ouviam mas não
viam o incidente, ele estaria "berrando que nem um maluco".

Esse mesmo professor teria caracterizado diversas vezes, em sala de aula e fora dela, o movimento de estudantes, professores e funcionários de maneira pejorativa e caluniosa. Segundo alunos matriculados nesse semestre, nas duas matérias lecionadas por ele, desde que a greve começou, o docente teria cobrado presença dos alunos, marcado prova e avisado por e-mail que o conteúdo da mesma seria dado durante o período de greve.

São, no mínimo, insensatas as posições deste professor, cuja contratação pela USP só foi possível graças ao longo movimento grevista de 2002, que conquistou a maior contratação de professores da história da Faculdade. Entretanto, deixamos de nos surpreender, quando passamos a saber que, publicamente, Gabriel Antunes de Araujo é partidário de João Grandino Rodas, o membro do CO responsável pela relatoria da resolução que autoriza a entrada da PM na universidade.

Após todos os incidentes relatados acima, mostrando e confirmando que não cederia ao diálogo de forma alguma - diálogo tão prezado e necessário em uma universidade, local onde as divergências e o debate são tão imprescindíveis quanto dispensáveis são a truculência, a força física, a ameaça moral e policial -, o professor resolveu continuar suas aulas no prédio da Química, para onde convocou seus alunos.

Todos estes fatos aqui relatados foram colhidos de inúmeras testemunhas que assistiram, estupefatas, ao rol de arroubos cênicos descontrolados do professor. Caso algum departamento, a Congregação ou outra parte qualquer considere necessário, nós podemos convocar essas testemunhas para relatar pessoalmente cada um desses lamentáveis acontecimentos protagonizados por um professor tão respeitado por sua produção acadêmica, mas tão relapso em
respeito à democracia e ao debate de idéias, um fundamento indispensável, para a produção de conhecimento na universidade.

Estudantes do curso de Letras da USP:

Amanda de Moraes Brito
Ana Beatriz da Costa Moreira
Ana Cláudia Borguin
Antônio Fernandes Góes Neto
Arielli Tavares Moreira
Beatriz Cyrineo Pereira
Carolina Solano Carrion
Diego Navarro
Diogo Moraes Leite
Edilson da Silva Cruz
Emi Asakura
Erika Pires
Estevão Pascole
Fernando Bustamante
Fernando Peres Penteado
Francisco Cabral
Gabriela Hipólito
Guilherme Augusto de Assis Rodrigues
Gustavo Diniz de Faria
Ícaro Francesconi Gatti
Isadora Rebello
Ísis Liberato Martins
Ivan Antunes
João Paulo de Cária Silva
José Eduardo de Souza Góes
José Quibao Neto
Julia de Almeida
Juliana Lopes Miasso
Kraly de Castella
Lucas George
Leandro Paixão
Luciana Placucci Vizzoto
Luiz Henrique Vieira Lins
Maria Júlia Alves Garcia Montero
Marcilia Barros Brito
Marina Almeida Nascimento
Micael Cimet Dattoli
Michel de Castro Sousa
Milena de Moura Barba
Natalya Amaral Stabile
Nathalia Canale Guerra
Oriana Harumi de Lima Tanaka
Pablo Angyalossy Alfonso
Paula Aparecida Carvalho
Pedro Ribeiro
Peter Mac Hamilton
Raiana Araujo
Rafael de Almeida Padial
Rafael Zanvettor
Renata Alves da Silva
Ricardo Maciel
Sâmia de Souza Bomfim
Simone Oliveira
Suelen A Pereira
Taila Virgine Costa
Tatiana Castro
Thais França Freire
Vanessa Couto da Silva
Vinícius de Lima Zaparoli
Vitor Mortara

Solidariamente, estudantes de outros cursos da USP:

Gabriela Iglesias - Ciências Sociais
Luana Cordeiro Cardoso - Ciências Sociais
Ludmila Facella - Artes Cênicas
Amanda Freire de Sousa - Filosofia

Solidariamente:

Diego Vilanova, professor da rede estadual
Maicon Alves de Miranda, empresário
Maria Estela Veneziane, estudante de Psicologia da Unicsul
Teila Cristina Veneziane, psicóloga
Ana Cristina Oliveira da Silva, professora de História, Recife/PE
Rosa Guadalupe Soares Udaeta, historiadora

As seguintes entidades e órgãos representativos:

Gestão Ver Com Olhos Livres, do CAELL
Comando de Greve dos Estudantes da Letras USP
Assembléia do curso de Letras

segunda-feira, 20 de julho de 2009

Carreira Docente:Liminar suspende mudança na carreira

Do site da ADUSP
http://www.adusp.org.br/noticias/expresso/boletim_143/index.html

Carreira Docente:
Liminar suspende mudança na carreira

Cumprindo deliberação da Assembléia Geral da Adusp de 25/6, foram impetrados 16 mandados de segurança contra a reforma da carreira, aprovada pelo Co em 04/3, que introduziu a progressão horizontal nos níveis de professor doutor e professor associado. Um desses mandados recebeu decisão favorável a nossos pleitos. Leia abaixo o relato da Assessoria Jurídica da Adusp.

"Por força de decisão da Assembléia Geral da Adusp, ao departamento jurídico da entidade foi requerido empreender todos os esforços no sentido de suspender e anular a decisão do Conselho Universitário da USP de 04.03.2009 que altera, por meio da Resolução 5529/09, a carreira docente.

Nesse sentido, a Adusp impetrou Mandado de Segurança Coletivo para suspender a aludida decisão do Conselho. Não tendo obtido liminar favorável, adotou como estratégia a desistência da ação coletiva e o ingresso de inúmeras ações individuais, a fim de distribuir a matéria para conhecimento do maior número possível de varas da Fazenda Pública.

Nesse sentido, a 7a. Vara da Fazenda Pública, em 15.07.2009 CONCEDEU MEDIDA LIMINAR em uma dessas ações individuais para 'SUSPENDER OS EFEITOS DA DECISÃO APROVADA PELO CONSELHO UNIVERSITÁRIO DA USP EM 04.03.2009, ora atacada com a presente ação mandamental, ATÉ ULTERIOR DELIBERAÇÃO JUDICIAL'.

A Universidade poderá ainda recorrer dessa decisão e, ainda se cassada a liminar, haverá julgamento de mérito dessa ação e das demais."

Vamos ver se assim a reitoria acata o recurso
administrativo contra a decisão do Co


quarta-feira, 15 de julho de 2009

Novas fronteiras na educação superior, do Secretário do Ensino Superior, na Folha de SP.


A Univesp traz uma forma de conceber a educação que amplia o tempo e o espaço de atuação das instituições de ensino superior


O PROGRAMA Univesp (Universidade Virtual do Estado de São Paulo), concebido pelo governo estadual, por meio da Secretaria de Ensino Superior (SES), para desenvolver-se e funcionar em parceria com a USP, a Unicamp e a Unesp, tem como objetivo contribuir para a expansão do ensino público superior paulista.
A estrutura consorciada da Univesp agrega ainda outras importantes instituições, como a Fundação Padre Anchieta, a Fapesp, a Fundap, a Imprensa Oficial e o Centro Paula Souza. Os cursos a serem oferecidos via Univesp têm o seu projeto acadêmico e os seus conteúdos formulados pelas universidades que os propõem, e elas são responsáveis também pelo processo de seleção para o ingresso dos estudantes, bem como pela avaliação de seu desempenho nos cursos.
À Univesp cabe garantir as condições materiais, financeiras e tecnológicas para a realização desses cursos, acompanhando, de modo integrado com a instituição parceira, a sua realização, o seu desenvolvimento e o aproveitamento dos alunos neles matriculados.
Como se trata de um programa de ensino superior que supõe o uso intensivo das tecnologias de informação e de comunicação, além das práticas e das metodologias mais tradicionais de ensino, incluindo um componente significativo de atividades presenciais, a Univesp conta com um recurso que muito contribui para a sua singularidade no cenário do ensino superior público e gratuito no Brasil: a participação da Fundação Padre Anchieta no programa, com a implantação da tecnologia digital no seu sistema de televisão, permitiu que fosse criada a Univesp-TV, com um canal aberto dedicado exclusivamente à programação da universidade virtual.
O apoio efetivo que o governo do Estado tem dado ao projeto, desde o momento em que o apresentei ao governador, quando eu ainda era presidente da Fapesp, veio se concretizando inclusive na dotação orçamentária da Secretaria de Ensino Superior para a implantação e o desenvolvimento do programa com recursos do governo e sem nenhum ônus adicional para as instituições parceiras.
Estivemos, desde que fui designado secretário de Ensino Superior, em agosto de 2007, envolvidos num trabalho intenso e agradável de conversações, planos, ajustes, acertos e definições com as instituições que participam do projeto, em especial as universidades, o Centro Paula Souza e a Fundação Padre Anchieta. A virtualidade da Univesp é também, por paradoxal que seja a afirmação, o que lhe dá realidade, presença e necessidade no cenário da educação superior em São Paulo e no Brasil.
Associando e integrando metodologias tradicionais e tecnologias inovadoras de ensino, a Univesp, enquanto consórcio de instituições competentes, tem, desde a sua concepção, sua estrutura e seu funcionamento, o compromisso e a obrigação da qualidade.
Trata-se de uma forma de conceber a educação que amplia o tempo e o espaço de atuação das instituições de ensino superior, forma esta que vem sendo utilizada com sucesso em várias universidades de ponta em diferentes países, como é o caso da Universidade Virtual do Pays de La Loire (França), Universidade Aberta da Catalunha (Espanha), a Open University (Inglaterra) e a Universidade Virtual do Instituto Tecnológico de Monterrey (México).
Organizando suas atividades presenciais por polos distribuídos em diferentes regiões do Estado, mantendo um contato constante e sistemático com seus estudantes por meio da internet -pela plataforma de aprendizagem Tidia AE, desenvolvida pela Fapesp-, da Univesp-TV, da telefonia e dos materiais didáticos impressos para a realização e o acompanhamento das atividades de ensino e a avaliação de desempenho dos alunos, a Universidade Virtual do Estado de São Paulo estende o espaço físico que abriga nossas universidades e interioriza, ampliando-o, o abrigo que essas instituições oferecem aos destinos e às destinações profissionais e humanas das populações jovens de nosso Estado e de nosso país.
O jovem vai à universidade, e a universidade vai à sua juventude como possibilidade concreta no caminho de sua trajetória social, contribuindo para aumentar a oferta de vagas no ensino superior público gratuito e criando condições de maiores facilidades operacionais para o deslocamento geográfico do estudante que parte de seus interiores em busca das grandes instituições paulistas.
Dessa vez, as universidades se movem até eles e, neles, buscam também o abrigo vivo para o exercício pleno de sua missão maior, que é educar e, pela educação, transformar em cultura dinâmica para a vida os processos de ensino e aprendizagem, de produção, de difusão e de divulgação do conhecimento associados à responsabilidade ética e profissional que a formação universitária deve consolidar em seus estudantes.

CARLOS VOGT, 66, poeta e linguista, é secretário de Ensino Superior do Estado de São Paulo. Foi reitor da Unicamp (1990 a 1994), vice-presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência e presidente da Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo) de 2002 a 2007.

domingo, 5 de julho de 2009

Grupo de Estudos sobre a Univesp

Estudantes da faculdade de Letras da Universidade de São Paulo formaram há poucas semanas um grupo de estudos relacionado ao projeto UNIVESP.
Esse grupo, que já contou com algumas reuniões, não se restringe somente à leitura, debate e crítica do projeto da UNIVESP em si, mas também acaba discutindo questões como a própria ferramenta do Ensino à Distância, a valorização das Ciências Humanas na sociedade hoje e sua profissionalização e, além disso, inicia também uma discussão sobre o acesso à universidade pública, discussão essa que sabemos ser espinhosa, já que entra em tópicos como políticas públicas de acesso, condições para a expansão das vagas e cotas, só para citar alguns exemplos.
Para participar do grupo, entre em contato conosco através do e-mail abaixoaunivesp@gmail.com ou através do link "comentários" (logo abaixo) e o encaminharemos às listas de discussão por e-mail.

Para aqueles que querem ter acesso ao texto do Projeto UNIVESP e a diversos materiais (entre textos e documentos) relacionados ao assunto, basta ir ao serviço de fotocópias da faculdade de Letras/USP e solicitar a pasta 399 ou, ainda, acessar os links do menu ao lado, nos quais estamos procurando reunir o máximo de informações possíveis que possam estar relacionadas à Educação à Distância e ao projeto UNIVESP em si.