segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Diversos materiais sobre Ensino à Distância

[materiais selecionados pela Rafaela Martinelli, do www.independentesusp.blogspot.com e membro da gestão Veredas, do CAELL "Oswald de Andrade" - FFLCH/USP]

Muito temos discutido sobre a implementação do Ensino à Distância nas universidades estaduais paulistas (UNIVESP). Para enriquecer esse debate, além dos materiais que já estão listados ao lado, seguem mais algumas fontes de informação, alguns com posições críticas (inclusive ao projeto de ensino à distância do MIT), outros favoráveis, para que consigamos ter uma visão ampla sobre o funcionamento destes projetos:

IV Congresso de Ensino Superior à Distância (http://www.unirede.br/esud/)

Há outros materiais no site do Congresso, mas nem todos os links estão funcionando.


USP já está na lista da Secretaria de Educação à Distância de universidades que possuem EaD*
http://siead.mec.gov.br/novosiead/web/site/#app=6999&6c47-selectedIndex=1


Série de reportagens do Jornal Nacional sobre EaD* - Texto+vídeo
http://jornalnacional.globo.com/Telejornais/JN/0,,LS0-15457-70493,00.html
Mostra bem como as TICs são usadas no EaD no Brasil.

FAQ do PROINFO*
http://portal.mec.gov.br/dmdocuments/perguntas_frequentes_proinfo1.pdf
Perguntas sobre o Programa Nacional de Tecnologia Educacional (não é EaD, e sim uma alternativa na utilização de TICs no ensino)



Como funcionam os cursos na Open University*
http://www.open.ac.uk/about/ou/p5.shtml



Biblioteca Online da OU
http://library.open.ac.uk/

Muitas coisas no site precisam de cadastro para serem visualizadas, mas parece que a OU tem um sistema de intercâmbio de material entre bibliotecas de diversas regiões: voc pede o livro ou material do curso que você precisa pelo site e eles enviam para a biblioteca cadastrada mais próxima da sua casa.



Exemplo de curso de "Compreendendo a Gestão" na OU*
http://labspace.open.ac.uk/course/view.php?id=3923
Site com exemplos de materiais utilizados no curso "Compreendendo a Gestão" da OU.



A lista completa de sursos à distância oferecidos pelo MIT. A grande maioria deles são semi-presenciais, com aulas de uma hora e meia dus vezes por semana.



Avaliação do Ensino Superior a Distância no Brasil*
http://www.eca.usp.br/prof/moran/avaliacao.htm
Texto do prof. José Manuel Moran sobre EaD no Brasil. Ver especialmente tópicos "EaD como política Pública", "Mudanças que a EAD está provocando na educação presencial"  e "Mudanças que a educação presencial conectada está provocando na educação a distância". 



O texto usa o exemplo do EaD na UFSC e fala sobre o LED (Laboratório de Ensino à Distância) e a questão de como aprender na prática com EaD.



O EaD na formação de educadores: problemas e possibilidades*
http://www.planetaeducacao.com.br/novo/imagens/artigos/diario/O-EAD-na-Formacao-de-Educadores_01.pdf
O texto conclui ressaltando a importância da graduação para dar aos alunos maior maturidade para aproveitar os recursos do EaD, algo que já discutimos antes.




Distance Learning: Issues and Concerns of Distance Learners
http://www.nait.org/jit/Articles/schmidt041801.pdf
Discute o quão próximo o curso à distância pode ser do curso presencial e os problemas que os alunos vêem no curso à distância, sendo o principal deles a falta de interação com o professor/tutor.




MIT and Distance Learning*
http://svconline.com/mag/avinstall_mit_distance_learning/
Um texto sobre o EaD no MIT. Usam o termo "real rocket scientists" para aqueles que freqüentaram o curso presencial, como se o D-Learner não fosse um engenheiro de verdade...



Distance Learning: Promisses, Problems and Possibilities*
http://www.westga.edu/~distance/ojdla/fall53/valentine53.html
Um panorama geral do DL nos EUA, por um professor da Universidade de Oklahoma. Aborda aspectos interessantes sobre custos-benefício, o manejo das tecnologias utilizadas e as principais preocupações dos instrutores e alunos em relação aos cursos.


Se não tiver tempo de ler tudo, leia pelo menos o texto Avaliação do Ensino Superior a Distância no Brasil ou siga o seguinte roteiro:


IV Congresso de Ensino Superior à Distância (http://www.unirede.br/esud/)
Leiam no site os objetivos do congresso e os principais tópicos abordados.

Série de reportagens do Jornal Nacional sobre EaD* - Texto+vídeo

Os textos são bem curtos. Tentem ler todos.

FAQ do PROINFO
Também é bem curto e vale a pena ler inteiro.

Como funcionam os cursos na Open University
Também é bem curto e vale a pena ler inteiro.



Exemplo de curso de "Compreendendo a Gestão" na OU*

Dê só uma olhada no resumo do curso e no tipo de material que é utilizado.

Cursos à distância no MIT

É interessante ver pois a maioria deles são cursos de Engenharia...

Avaliação do Ensino Superior a Distância no Brasil*
Leia principalmente os tópicos "EaD como política Pública", "Mudanças que a EAD está provocando na educação presencial"  e "Mudanças que a educação presencial conectada está provocando na educação a distância".

EaD: Uma solução ou um problema?
  Trecho que fala sobre os laboratórios usados na UFSC.



O EaD na formação de educadores: problemas e possibilidades*
É bem curto. Vale a pena ler inteiro.




MIT and Distance Learning
É impressionante ver quanta tecnologia eles têm disponível. Mesmo assim, ao diferenciar os "real rocket scientists" dos D-Learners, o texto dá margem para outras interpretações. Se possível, leiam. É interessante.

Distance Learning: Promisses, Problems and Possibilities
Leia os tópicos "Cost effectiveness", "Misuse of technology", "Problems with equipment", "Attitudes towards distance learning" e a conclusão.

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Palestras sobre os Livros da FUVEST, ministradas por professores da FFLCH/USP, e debates sobre a Universidade Pública

Nossa luta é para além dos muros!

Em 2007, durante a ocupação da reitoria da USP, estudantes de Letras da Faculdade de Filosofia Letras e Ciências Humanas da USP (FFLCH) organizaram – como atividade de greve – um ciclo de palestras sobre os livros cobrados no vestibular da FUVEST. A idéia inicial era unir vestibulandos – em especial aqueles ligados a cursinhos populares – ao ambiente universitário e fazer com eles um debate aberto sobre a universidade pública e seus (des)caminhos.

Dois anos se passaram e chegamos ao terceiro ciclo de palestras. Não há muito que o comemorar. Num movimento inversamente proporcional, em 2009 quem ocupou as ruas e reitoria de nossa universidade foi a Polícia Militar. Se há dois anos atrás vivíamos num clima democrático e de intenso debate político, hoje o cheiro do gás de pimenta e os estouros da bombas de efeito moral ainda pululam as mentes dos presentes no fatídico 9 de Junho.

Debater a universidade pública se faz mais importante do que nunca.

Dificuldades não faltam. A burocracia acadêmica se recusa a ceder um de seus auditórios ou anfiteatros, o evento todo é custeado por estudantes e a comissão organizadora é bem pequena se comparada ao tamanho do evento.

O esforço necessário para construção do evento é hercúleo se avaliarmos nossa força e paradoxalmente diminuto se pensarmos na responsabilidade social que nossa universidade deveria ter.

Portanto, não o convidamos simplesmente para assistir palestras sobre livros canônicos que poderão o ajudar a passar no vestibular. Apesar de propiciar um ótimo momento para o vestibulando entrar em contato com o ambiente acadêmico, não é disso – ou somente disso – que se trata o ciclo.

É a hora e vez de debatermos o caráter público de nossa universidade. Para quê e a quem serve? Mais do que isso, colocar em questão assuntos outros que concernem à realidade de todos, por isso o ciclo será acompanhado de uma série de debates que abordarão não só a universidade, como também educação pública, políticas de ação afirmativa e movimentos sociais.

Pensamos as atividades semanalmente, em dias alternados, para que os cursinhos pudessem se organizar e assistir todas palestras, assim como pensamos em começar toda atividade às 18h para que os vestibulandos trabalhadores possam chegar a tempo.

Começaremos nessa sexta (25) com o livro "Auto da barca do inferno" e uma breve mesa de apresentação. Será no núcleo de Consciência Negra da USP.

ACESSE, DIVULGUE E PARTICIPE! http://palestrasfuvest.wordpress.com/

Este ciclo é organizado por estudantes de Letras e pelo CAELL "Oswald de Andrade", o Centro Acadêmico dos estudantes de Letras da USP.

quinta-feira, 30 de julho de 2009

Carta Aberta dos Estudantes de Letras

Desde que entraram em greve, no começo do mês de junho, os estudantes de Letras da Universidade de São Paulo optaram por não retirar cadeiras das salas de aula, nem mesmo fazer piquetes na frente do prédio.

Essa decisão consensual no meio estudantil tinha por objetivo zelar pelo diálogo e convencimento entre as partes, portanto, sempre que uma aula começava, um grupo era formado para informar os colegas de curso sobre as decisões das assembléias (tanto de estudantes como de professores e funcionários), esclarecer dúvidas e convencê-los a aderir ao movimento.

No dia oito de junho, um professor, Gabriel Antunes de Araujo, impediu um grupo de estudantes de levar essas informações aos seus alunos. As turmas deste professor eram as únicas, no curso de Letras, a se manterem completamente lotadas durante a greve. Ao final dessa aula, uma aluna do professor encaminhou-se à assembléia dos estudantes da Letras que acontecia na entrada principal do prédio e deu informe de que o professor teria a prática de, talvez para impedi-los de aderir ao movimento grevista, informar aos alunos que ele não estava em greve, não aderiria a ela e seus alunos que o fizessem correriam o risco de ser reprovados ou por acúmulo de
faltas ou por perda de avaliações. Foi decisão unânime da assembléia que a atitude do professor poderia configurar assédio moral, já que alunos seus estavam sendo impedidos de decidir por si próprios, como informara esta estudante, se adeririam ou não à greve já deflagrada pelos três setores (professores, estudantes e funcionários). A assembléia decidiu, então, de forma conjunta, encaminhar-se até a sala onde o professor estava, sem piquete físico do lado de fora, mas com piquete moral do lado de dentro, e garantir que seus representados estudantes fossem informados, esclarecidos e tivessem o
direito de decidir por si próprios se queriam continuar dentro aquela sala ou sair dela, sem nenhuma pressão ou assédio moral.

Assim que os primeiros estudantes entraram na sala, o professor doutor
Gabriel Antunes de Araújo correu em direção a eles, deu um salto e socou com os dois punhos o peito de um ingressante do primeiro
semestre do curso, empurrando-o para trás. Em seguida, o professor saltou à porta, bateu-a com força contra os demais estudantes que entravam e tentou mantê-la fechada à força, colocando um dos pés para trás, para ter mais apoio, danificando a maçaneta da porta. Percebendo o ridículo da situação, o professor recuou, foi até sua mesa, sacou seu aparelho de telefone celular e começou a fotografar o rosto dos estudantes da assembléia. Percebendo a movimentação, outros professores que passavam pelos corredores tentaram acalmar os ânimos tanto do professor quanto dos estudantes, propondo que ali se estabelecesse o diálogo. A partir daí, Gabriel Araujo passou a dizer,
ainda em estado alterado, que nenhum estudante estaria coagido a assistir suas aulas. "Não recebo por cabeça, portanto é até melhor que eu tenha menos alunos na sala de aula", disse provocativamente o professor. Disse isso tudo não sem dirigir, de forma lamentável para um professor da universidade mais respeitada do país, palavras de baixo calão a um dos diretores do CAELL, o centro acadêmico dos
estudantes do curso de Letras da USP.

Este mesmo professor, semanas antes, entrara em conflito com o movimento estudantil, quando, segundo relatos, haveria agredido verbalmente uma aluna em uma paralisação. Na ocasião os estudantes decidiram fechar uma das entradas do prédio e deixar a outra aberta. Araujo, para espanto de todos, teria olhado de forma provocativa aos manifestantes e começado a empurrar agressivamente mesa e cadeira que ali estavam para cima de uma aluna, em uma tentativa brusca de forçar passagem. Intimidada, nossa colega retirou-se rumo à biblioteca. Tivemos relatos de que ele a teria seguido e apontado o dedo, de forma ameaçadora. Segundo outras pessoas, que ouviam mas não
viam o incidente, ele estaria "berrando que nem um maluco".

Esse mesmo professor teria caracterizado diversas vezes, em sala de aula e fora dela, o movimento de estudantes, professores e funcionários de maneira pejorativa e caluniosa. Segundo alunos matriculados nesse semestre, nas duas matérias lecionadas por ele, desde que a greve começou, o docente teria cobrado presença dos alunos, marcado prova e avisado por e-mail que o conteúdo da mesma seria dado durante o período de greve.

São, no mínimo, insensatas as posições deste professor, cuja contratação pela USP só foi possível graças ao longo movimento grevista de 2002, que conquistou a maior contratação de professores da história da Faculdade. Entretanto, deixamos de nos surpreender, quando passamos a saber que, publicamente, Gabriel Antunes de Araujo é partidário de João Grandino Rodas, o membro do CO responsável pela relatoria da resolução que autoriza a entrada da PM na universidade.

Após todos os incidentes relatados acima, mostrando e confirmando que não cederia ao diálogo de forma alguma - diálogo tão prezado e necessário em uma universidade, local onde as divergências e o debate são tão imprescindíveis quanto dispensáveis são a truculência, a força física, a ameaça moral e policial -, o professor resolveu continuar suas aulas no prédio da Química, para onde convocou seus alunos.

Todos estes fatos aqui relatados foram colhidos de inúmeras testemunhas que assistiram, estupefatas, ao rol de arroubos cênicos descontrolados do professor. Caso algum departamento, a Congregação ou outra parte qualquer considere necessário, nós podemos convocar essas testemunhas para relatar pessoalmente cada um desses lamentáveis acontecimentos protagonizados por um professor tão respeitado por sua produção acadêmica, mas tão relapso em
respeito à democracia e ao debate de idéias, um fundamento indispensável, para a produção de conhecimento na universidade.

Estudantes do curso de Letras da USP:

Amanda de Moraes Brito
Ana Beatriz da Costa Moreira
Ana Cláudia Borguin
Antônio Fernandes Góes Neto
Arielli Tavares Moreira
Beatriz Cyrineo Pereira
Carolina Solano Carrion
Diego Navarro
Diogo Moraes Leite
Edilson da Silva Cruz
Emi Asakura
Erika Pires
Estevão Pascole
Fernando Bustamante
Fernando Peres Penteado
Francisco Cabral
Gabriela Hipólito
Guilherme Augusto de Assis Rodrigues
Gustavo Diniz de Faria
Ícaro Francesconi Gatti
Isadora Rebello
Ísis Liberato Martins
Ivan Antunes
João Paulo de Cária Silva
José Eduardo de Souza Góes
José Quibao Neto
Julia de Almeida
Juliana Lopes Miasso
Kraly de Castella
Lucas George
Leandro Paixão
Luciana Placucci Vizzoto
Luiz Henrique Vieira Lins
Maria Júlia Alves Garcia Montero
Marcilia Barros Brito
Marina Almeida Nascimento
Micael Cimet Dattoli
Michel de Castro Sousa
Milena de Moura Barba
Natalya Amaral Stabile
Nathalia Canale Guerra
Oriana Harumi de Lima Tanaka
Pablo Angyalossy Alfonso
Paula Aparecida Carvalho
Pedro Ribeiro
Peter Mac Hamilton
Raiana Araujo
Rafael de Almeida Padial
Rafael Zanvettor
Renata Alves da Silva
Ricardo Maciel
Sâmia de Souza Bomfim
Simone Oliveira
Suelen A Pereira
Taila Virgine Costa
Tatiana Castro
Thais França Freire
Vanessa Couto da Silva
Vinícius de Lima Zaparoli
Vitor Mortara

Solidariamente, estudantes de outros cursos da USP:

Gabriela Iglesias - Ciências Sociais
Luana Cordeiro Cardoso - Ciências Sociais
Ludmila Facella - Artes Cênicas
Amanda Freire de Sousa - Filosofia

Solidariamente:

Diego Vilanova, professor da rede estadual
Maicon Alves de Miranda, empresário
Maria Estela Veneziane, estudante de Psicologia da Unicsul
Teila Cristina Veneziane, psicóloga
Ana Cristina Oliveira da Silva, professora de História, Recife/PE
Rosa Guadalupe Soares Udaeta, historiadora

As seguintes entidades e órgãos representativos:

Gestão Ver Com Olhos Livres, do CAELL
Comando de Greve dos Estudantes da Letras USP
Assembléia do curso de Letras

segunda-feira, 20 de julho de 2009

Carreira Docente:Liminar suspende mudança na carreira

Do site da ADUSP
http://www.adusp.org.br/noticias/expresso/boletim_143/index.html

Carreira Docente:
Liminar suspende mudança na carreira

Cumprindo deliberação da Assembléia Geral da Adusp de 25/6, foram impetrados 16 mandados de segurança contra a reforma da carreira, aprovada pelo Co em 04/3, que introduziu a progressão horizontal nos níveis de professor doutor e professor associado. Um desses mandados recebeu decisão favorável a nossos pleitos. Leia abaixo o relato da Assessoria Jurídica da Adusp.

"Por força de decisão da Assembléia Geral da Adusp, ao departamento jurídico da entidade foi requerido empreender todos os esforços no sentido de suspender e anular a decisão do Conselho Universitário da USP de 04.03.2009 que altera, por meio da Resolução 5529/09, a carreira docente.

Nesse sentido, a Adusp impetrou Mandado de Segurança Coletivo para suspender a aludida decisão do Conselho. Não tendo obtido liminar favorável, adotou como estratégia a desistência da ação coletiva e o ingresso de inúmeras ações individuais, a fim de distribuir a matéria para conhecimento do maior número possível de varas da Fazenda Pública.

Nesse sentido, a 7a. Vara da Fazenda Pública, em 15.07.2009 CONCEDEU MEDIDA LIMINAR em uma dessas ações individuais para 'SUSPENDER OS EFEITOS DA DECISÃO APROVADA PELO CONSELHO UNIVERSITÁRIO DA USP EM 04.03.2009, ora atacada com a presente ação mandamental, ATÉ ULTERIOR DELIBERAÇÃO JUDICIAL'.

A Universidade poderá ainda recorrer dessa decisão e, ainda se cassada a liminar, haverá julgamento de mérito dessa ação e das demais."

Vamos ver se assim a reitoria acata o recurso
administrativo contra a decisão do Co


quarta-feira, 15 de julho de 2009

Novas fronteiras na educação superior, do Secretário do Ensino Superior, na Folha de SP.


A Univesp traz uma forma de conceber a educação que amplia o tempo e o espaço de atuação das instituições de ensino superior


O PROGRAMA Univesp (Universidade Virtual do Estado de São Paulo), concebido pelo governo estadual, por meio da Secretaria de Ensino Superior (SES), para desenvolver-se e funcionar em parceria com a USP, a Unicamp e a Unesp, tem como objetivo contribuir para a expansão do ensino público superior paulista.
A estrutura consorciada da Univesp agrega ainda outras importantes instituições, como a Fundação Padre Anchieta, a Fapesp, a Fundap, a Imprensa Oficial e o Centro Paula Souza. Os cursos a serem oferecidos via Univesp têm o seu projeto acadêmico e os seus conteúdos formulados pelas universidades que os propõem, e elas são responsáveis também pelo processo de seleção para o ingresso dos estudantes, bem como pela avaliação de seu desempenho nos cursos.
À Univesp cabe garantir as condições materiais, financeiras e tecnológicas para a realização desses cursos, acompanhando, de modo integrado com a instituição parceira, a sua realização, o seu desenvolvimento e o aproveitamento dos alunos neles matriculados.
Como se trata de um programa de ensino superior que supõe o uso intensivo das tecnologias de informação e de comunicação, além das práticas e das metodologias mais tradicionais de ensino, incluindo um componente significativo de atividades presenciais, a Univesp conta com um recurso que muito contribui para a sua singularidade no cenário do ensino superior público e gratuito no Brasil: a participação da Fundação Padre Anchieta no programa, com a implantação da tecnologia digital no seu sistema de televisão, permitiu que fosse criada a Univesp-TV, com um canal aberto dedicado exclusivamente à programação da universidade virtual.
O apoio efetivo que o governo do Estado tem dado ao projeto, desde o momento em que o apresentei ao governador, quando eu ainda era presidente da Fapesp, veio se concretizando inclusive na dotação orçamentária da Secretaria de Ensino Superior para a implantação e o desenvolvimento do programa com recursos do governo e sem nenhum ônus adicional para as instituições parceiras.
Estivemos, desde que fui designado secretário de Ensino Superior, em agosto de 2007, envolvidos num trabalho intenso e agradável de conversações, planos, ajustes, acertos e definições com as instituições que participam do projeto, em especial as universidades, o Centro Paula Souza e a Fundação Padre Anchieta. A virtualidade da Univesp é também, por paradoxal que seja a afirmação, o que lhe dá realidade, presença e necessidade no cenário da educação superior em São Paulo e no Brasil.
Associando e integrando metodologias tradicionais e tecnologias inovadoras de ensino, a Univesp, enquanto consórcio de instituições competentes, tem, desde a sua concepção, sua estrutura e seu funcionamento, o compromisso e a obrigação da qualidade.
Trata-se de uma forma de conceber a educação que amplia o tempo e o espaço de atuação das instituições de ensino superior, forma esta que vem sendo utilizada com sucesso em várias universidades de ponta em diferentes países, como é o caso da Universidade Virtual do Pays de La Loire (França), Universidade Aberta da Catalunha (Espanha), a Open University (Inglaterra) e a Universidade Virtual do Instituto Tecnológico de Monterrey (México).
Organizando suas atividades presenciais por polos distribuídos em diferentes regiões do Estado, mantendo um contato constante e sistemático com seus estudantes por meio da internet -pela plataforma de aprendizagem Tidia AE, desenvolvida pela Fapesp-, da Univesp-TV, da telefonia e dos materiais didáticos impressos para a realização e o acompanhamento das atividades de ensino e a avaliação de desempenho dos alunos, a Universidade Virtual do Estado de São Paulo estende o espaço físico que abriga nossas universidades e interioriza, ampliando-o, o abrigo que essas instituições oferecem aos destinos e às destinações profissionais e humanas das populações jovens de nosso Estado e de nosso país.
O jovem vai à universidade, e a universidade vai à sua juventude como possibilidade concreta no caminho de sua trajetória social, contribuindo para aumentar a oferta de vagas no ensino superior público gratuito e criando condições de maiores facilidades operacionais para o deslocamento geográfico do estudante que parte de seus interiores em busca das grandes instituições paulistas.
Dessa vez, as universidades se movem até eles e, neles, buscam também o abrigo vivo para o exercício pleno de sua missão maior, que é educar e, pela educação, transformar em cultura dinâmica para a vida os processos de ensino e aprendizagem, de produção, de difusão e de divulgação do conhecimento associados à responsabilidade ética e profissional que a formação universitária deve consolidar em seus estudantes.

CARLOS VOGT, 66, poeta e linguista, é secretário de Ensino Superior do Estado de São Paulo. Foi reitor da Unicamp (1990 a 1994), vice-presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência e presidente da Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo) de 2002 a 2007.

domingo, 5 de julho de 2009

Grupo de Estudos sobre a Univesp

Estudantes da faculdade de Letras da Universidade de São Paulo formaram há poucas semanas um grupo de estudos relacionado ao projeto UNIVESP.
Esse grupo, que já contou com algumas reuniões, não se restringe somente à leitura, debate e crítica do projeto da UNIVESP em si, mas também acaba discutindo questões como a própria ferramenta do Ensino à Distância, a valorização das Ciências Humanas na sociedade hoje e sua profissionalização e, além disso, inicia também uma discussão sobre o acesso à universidade pública, discussão essa que sabemos ser espinhosa, já que entra em tópicos como políticas públicas de acesso, condições para a expansão das vagas e cotas, só para citar alguns exemplos.
Para participar do grupo, entre em contato conosco através do e-mail abaixoaunivesp@gmail.com ou através do link "comentários" (logo abaixo) e o encaminharemos às listas de discussão por e-mail.

Para aqueles que querem ter acesso ao texto do Projeto UNIVESP e a diversos materiais (entre textos e documentos) relacionados ao assunto, basta ir ao serviço de fotocópias da faculdade de Letras/USP e solicitar a pasta 399 ou, ainda, acessar os links do menu ao lado, nos quais estamos procurando reunir o máximo de informações possíveis que possam estar relacionadas à Educação à Distância e ao projeto UNIVESP em si.




sábado, 27 de junho de 2009

Lançamento do Fórum pela Democratização das Universidades Estaduais Paulistas

da ADUSP:

Caros colegas,

Convidamos a todos para o ato público de lançamento do Fórum pela Democratização das Universidades Estaduais Paulistas, dia 29/6, segunda-feira, 12h, em frente à Reitoria da USP. Este ato ocorrerá simultaneamente à reunião de negociação entre o Cruesp e o Fórum das Seis.

Convidados: Francisco de Oliveira, Maria Victoria Benevides e Marilena Chauí

Contamos com a sua presença!

Diretoria da Adusp S. Sind.


domingo, 21 de junho de 2009

UNIVESP: piora iminente travestida de boa intenção [análise]

O texto abaixo (que segue na íntegra) foi publicado no blog breviário.org e faz uma boa análise sobre a UNIVESP e também sobre os últimos acontecimentos na USP.

Um dos pilares dos problemas atuais na Universidade de São Paulo é a vindoura instalação da assim chamada Universidade Virtual do Estado de São Paulo, a UNIVESP. Há uma desinformação assombrosa sobre o tema; pretendo expor em detalhes os problemas do projeto apresentado pelo governo estadual, não sem antes fazer algumas considerações a respeito do desconhecimento crônico da iniciativa.

Muitos alunos que se proclamam "contra a greve" e até "a favor da PM" não têm a mínima ideia do que é a UNIVESP e do que ela significa. Quando ficam sabendo que se trata de um projeto para criar cursos de ensino superior à distância, abraçam em maioria a defesa da iniciativa, sem fazer a devida reflexão sobre o tema: buscam argumentos a favor do ensino à distância que são não raro generalistas e improcedentes. Ora, não há a mínima lógica em apoiar algo que não se sabe o que é – e demonizar aqueles que são contra e conhecem os motivos para ter essa posição.

Não preciso dizer que seria desejável que a "maioria absoluta dos estudantes que é contra a greve" deveria ter embasamento em sua posição. Como já disse no post anterior, fui contrário à greve até o dia 9, quando passei a considerá-la necessária como resposta à ação violenta da PM. Antes disso, repetindo, era contrário, por motivos expostos no post anterior. Mas não me eximi e li o projeto que agora vou comentar.

***

O projeto começa com sua "Introdução" a dizer coisas muito justas e outras involuntariamente muito cômicas. A primeira das cômicas é a seguinte:

Os cursos de graduação, pós-graduação e extensão oferecidos pelas três universidades públicas do estado apresentam algumas das maiores relações de candidatos por vaga do país, o que confirma o alto nível oferecido na educação superior.

Esse fato, utilizado para falar bem das instituições de ensino superior acaba sendo mais uma prova de que há mais procura do que vagas, ou seja, uma relativa insuficiência. Mas é bom lembrar que o ensino superior universitário não precisa ser universal – insistir na "necessidade" de ampliar as vagas no ensino superior é desconhecer os problemas que já existem:

Entretanto, mesmo considerando-se as relações mundialmente acertas [sic] para a composição da pirâmide estudantil, e conseqüentemente da composição da pirâmide sócio-econômica, uma parcela bem pequena da comunidade estadual consegue o privilégio de desfrutar do ensino de qualidade oferecido pelas universidades públicas estaduais.

Aí entrariam discussões muito amplas, como a real necessidade da maioria da população ter um diploma de ensino superior. Sabemos que no Brasil há uma demanda irreal por diplomas, e qualquer torneiro mecânico teme precisar de um diploma de engenharia para conseguir emprego de… torneiro mecânico! É uma inversão completa de valores, representada até na recente música de Seu Jorge, Trabalhador brasileiro: "Tem gari por aí que é formado engenheiro." Mas não vou entrar nesses debates. Vou considerar como justa e correta a busca por ampliar o acesso à universidade às diferentes camadas sociais.

Nesse sentido, a intenção do projeto já se revela em sua introdução: considerar o ensino à distância uma das formas de garantir esse acesso sem grandes gastos em infraestrutura, que seriam impedimentos fortes. Lembro aqui um texto de Claudio de Moura e Castro, em favor do ensino à distância:

Logo após a criação dos selos de correio, os novidadeiros correram a inventar um ensino por correspondência. Isso foi na Inglaterra, em meados do século XIX. No limiar do século XX, os Estados Unidos já ofereciam cursos superiores pelo correio. Na década de 30, três quartos dos engenheiros russos foram formados assim. Ou seja, novo não é.

(…)

Mas, no caso dos longos [cursos], o calcanhar de aquiles do EAD é a dificuldade de manter a motivação dos alunos. Evitar o abandono é uma luta ingente. Na prática, exige pessoas mais maduras e mais disciplinadas, pois são quatro anos estudando sozinhas. As telessalas, que reúnem os alunos com um monitor, têm o papel fundamental de criar um grupo solidário e dar ritmo aos estudos. E, se o patrão paga a conta, cai a deserção, pois abandonar o curso atrapalha a carreira. Também estimula a persistência se o diploma abre portas para empregos e traz benefícios tangíveis – o que explica o sucesso do Telecurso.

Enfim, há casos de grande sucesso do ensino à distância, embora seja preciso um trabalho para evitar a deserção e o que Claudio chama de "embromação". Mas há dois pontos a se levantar no caso específico da UNIVESP: 1) ela se presta a formar licenciados, e não fornecer aprendizado técnico ou complementação de ensino fundamental e/ou médio – caso do Telecurso 2000; 2) é possível afirmar que a estrutura proposta para a UNIVESP servirá ao propósito nobre exposto na introdução de seu projeto?

Quanto ao primeiro ponto, já se deve questionar na base: é possível ensinar presencialmente formando-se à distância? Cursos relativos de alguma forma à pedagogia não podem deixar de dar ao aluno o caráter prático do específico metiér que é ensinar. Se os programas de estágio já são extremamente falhos na universidade, nada garante no projeto que haverá preocupação nesse sentido.

Já o segundo ponto merece uma análise mais detida, em especial contrapondo o projeto à argumentação. Partamos para um trecho posterior do projeto, já relativo ao público-alvo:

Num primeiro momento, espera-se que o projeto atenda parte da demanda por cursos superiores para os professores que ainda não o possuem, sem negligenciar o oferecimento inicial de alguns cursos de pós-graduação e M B As que possam promover a evolução de professores já graduados e que posteriormente possam atuar como multiplicadores e apoiadores do projeto.

Ou seja, professores que já trabalham como tal teriam a capacitação necessária para exercer a profissão. Ora, podemos ver isso de duas maneiras: uma aceitação da ideia de que há profissionais sem a qualificação necessária para ensinar trabalhando, não obstante sua não-formação. Por outro lado, sabemos da recente exigência, criada por lei estadual, de que todos os docentes da rede pública tenham ensino superior. Então a UNIVESP viria para corrigir esse problema. Ressalte-se que já há muitos anos essa situação dos docentes despreparados vem se agravando, e somente agora foi tomada uma atitude nesse sentido.

Mas, em seguida, a intenção de formar novos licenciados (e não apenas aprimorar os já empregados no ramo) fica patente:

Sugere-se que na fase inicial desta implantação, sejam objetivadas as áreas onde há maiores carências de formação ecapacitação docentes, de forma a aprimorar a educação básica no estado.

À parte a sintaxe sofrível do projeto, fica evidente a intenção de colocar os formados à distância para atender a demanda das escolas estaduais. O que entra em contradição com o discurso oficial anteriormente citado, de preferência aos professores que já trabalham no ensino público.

Mas vejamos os princípios operacionais do projeto:

Na primeira vertente, a TV Cultura, ainda operando em sua fase analógica, apresentaria ao menos duas horas de programação educacional por dia. Assim, haveria a possibilidade do oferecimento de meia hora diária de programação para cada um dos quatro cursos iniciais, permitindo o oferecimento de cinco disciplinas semanais em cada curso, média normal de disciplinas nos semestres letivos deste tipo de curso, além de dois cursos de pós-graduação baseados em transmissões realizadas aos sábados.

Sinto informar aos defensores do ensino à distância, mas o que vai acima é um acinte. Fazer uma cópia do Telecurso 2000 para formar professores é no mínimo ridículo. A estrutura de aulas pela TV pode servir para quem precisa completar falhas de formação, mas não para aquele que irá formar outras pessoas. Para isso é preciso muito mais do que conhecer o assunto que vai ser lecionado. Eu sei bastante de matemática, mas não me considero capaz de ensinar nem mesmo a aritmética elementar a alunos de primeira série pelo simples fato de que não tenho o mínimo treinamento necessário para lidar com os diferentes níveis de aprendizado dos alunos. Como alguém, assistindo programas educacionais na TV Cultura, pode aprender isso?

Mas ainda há coisas cômicas:

A relação do aluno com o professor responsável por uma disciplina, e com o tutor que acompanha a aprendizagem, pode acontecer de diferentes formas.
A primeira destas formas acontece quando da visualização do professor na televisão. Isto já promove uma certa relação pessoal, do mesmo tipo da que acontece entre o espectador e um ator.

Sem comentários. Adiante:

Entretanto, para que a aprendizagem seja continuamente orientada e incentivada, há que se criar uma estreita relação acadêmica entre alunos e professor. É nesta função que atua o professor-tutor, acompanhando e orientando todo o processo de aprendizagem.

Ou seja, o contato entre alunos e professores se dará por meio do intermediário "tutor", que provavelmente será um pós-graduando regiamente mal pago para exercer o papel do professor para os que tiverem dúvidas ou problemas. Mas o projeto nada diz sobre como será exercido esse tutoramento. Resta a impressão de que será também à distância, condicionando todo o aprendizado a um esquema virtual que, como sabemos, não se verificará na prática. Em suma: os que assistirão programas na TV terão o papel de apresentar o que aprenderam para os alunos da rede pública sem terem passado por nenhuma assistência real – só a virtual.

Quem chama esse curso de "semipresencial" não sabe do que está falando. Apenas as provas seriam presenciais, e os atendimentos feitos pelos tutores em alguns casos. A relação aluno-professor seria totalmente virtual. Logo, a propalação do termo "semipresencial" serve apenas a um propósito: amenizar a opinião pública que, em princípio, tenderia a ver na iniciativa a ver apenas mais um ato destrutivo da educação no estado de São Paulo. Esta opinião não estaria equivocada.

Tenho uma irmã no ensino estadual, cursando o primeiro ano do colegial. Neste ano, ao invés de distribuírem os tradicionais livros didáticos (não raro cheios de erros, mas ainda assim livros), preferiram dar cadernos de exercícios referentes às matérias. São péssimos. Quem duvida de mim deveria procurar esses cadernos. Um deles, de biologia, tem um erro primário: confunde teia alimentar com cadeia alimentar. Minha irmã, no primeiro ano do colegial, ainda não sabe o que é a tabela periódica. Não há nada no caderno dos dois primeiros bimestres sobre o que é o primeiro passo no ensino de Química.

Ou seja, somando-se todos os fatores, que motivos temos para acreditar que o ensino à distância proposto pelo governo estadual não é apenas mais uma forma de dar status de diplomados a pessoas sem a mínima formação? Que motivos temos para achar que as pessoas que se formarem nesse programa terão outra alternativa fora dar aulas no ensino público, sem a preparação necessária? Que as três reitorias das universidades estaduais paulistas nada façam contra essa precarização iminente do conceito de ensino superior é algo que causa assombro. E que a mídia não mostre a íntegra desse programa quando ele é citado como um dos motivos da greve na USP é vergonhoso.

Aos que dizem "PM nesses vagabundos!", fica meu sincero lamento. Principalmente aos alunos da Universidade de São Paulo que desconhecem tudo isso e apoiam a repressão violenta de um movimento que, se é extremamente falho, ultrapassado e em muitos momentos boçal, ainda assim tem a razão de revoltar-se contra essa política pública de educação que produzirá mais deficiências, sem resolver qualquer uma das já existentes.

Publicado pelo estudante de Letras Vinicius Melo Justo no blog Breviário.org

http://breviario.org/relances/2009/06/20/univesp-piora-iminente-travestida-de-boa-intencao/

Comparato: A autonomia universitária é uma farsa [entrevista]


Um dos intelectuais mais respeitados do país, Fábio Conder Camparato critica a presença da Polícia Milistar no campus da USP e afirma que os serviços públicos no Brasil são entendidos como um 'ralo por onde somem os recursos'. Para ele, a autonimia universitária é uma farsa e as instituições de ensino no país não agem de maneira republicana.


O jurista sofreu uma decepção na última quinta-feira (18). Ao chegar para a avaliação de uma tese de Mestrado, o professor deparou-se com as portas da Faculdade de Direito do Largo São Francisco cerradas.

Por decisão do diretor João Grandino Rodas, o histórico prédio ficou fechado ao longo do dia por temor do que poderia ocorrer durante a passeata de estudantes, funcionários e professores de USP, Unesp e Unicamp.

Depois de subir ao caminhão de som dos manifestantes e afirmar que a reitora da USP, Suely Vilela, não tem mais confiança dos "dirigidos" para permanecer no cargo, o professor conversou com a reportagem da Rede Brasil Atual sobre a situação da Universidade – jornalistas de outros veículos acompanharam a conversa.

Para o jurista, a reitora, que deveria ser representante da comunidade universitária, comporta-se como secretária do governador José Serra, que utilizou a Polícia Militar como capangas do estado de São Paulo ao reprimir manifestação semana passada na Cidade Universitária.

Sobre a administração estadual, Fábio Konder Comparato aponta abuso no uso de publicidade como forma de promover eleitoralmente José Serra e destaca que tal propaganda vai contra a Constituição.

Há dois anos, o jurista foi vítima da aposentadoria compulsória, adotada para professores das universidades estaduais paulistas que atingem os 70 anos. Para ele, trata-se da "expulsória".

Ainda assim, o professor mantém estreita relação com a academia e desenvolve atividades nas áreas de Direito Comercial e dos Direitos Humanos, nas quais esteve focado ao longo dos últimos anos.

Como o senhor viu o fechamento do prédio da Faculdade de Direito do Largo São Francisco?

Eu acho que nunca aconteceu na Faculdade de Direito. É um ato insólito porque, se os diretores de faculdade e a reitora se queixam da greve, eles deveriam também se manifestar contra o lockout. Isso é exatamente o oposto da greve, é o lockout, que é quando uma empresa fecha as portas e não deixa entrar os operários. É o que aconteceu aqui e eu fiquei muito envergonhado como professor. Eu fiquei literalmente surpreso com essa decisão, que não tem a meu ver nenhum apoio nos princípios republicanos que devem reger a Universidade.

Como o senhor acompanhou os fatos da semana passada?

O que é grave é que a Polícia Militar, que é composta por oficiais e soldados dignos, dedicados, começa a ser utilizada como um grupo de capangas do governador do estado e da reitora da Universidade. Isso é humilhante não só para a Universidade, mas também para os oficiais e soldados. Eles têm que exercer o papel mantendo a segurança e a ordem pública.

São Paulo é uma cidade absolutamente desordeira e submetida ao banditismo mais desbragado. Não sei se as pessoas se dão conta, mas de um ano para cá o número de furtos de veículos crescem em 300%. Oras, é evidente que, para reprimir isso, é preciso saber utilizar a Polícia Militar, e não simplesmente concentra-la no campus da USP para atacar estudantes, professores e funcionários. É uma inversão de objetivos.
O serviço da polícia não pode ser utilizado desta forma. Isso é um abuso de poder por parte do governo do estado.

O senhor entende que os fatos feriram o conceito da Universidade como instituição autônoma?

Sem dúvida. Aliás, a autonomia da Universidade é uma farsa, a começar pelo aspecto financeiro. O artigo 207 da Constituição declara as universidades autônomas sob o aspecto didático-científico, financeiro e administrativo, e o que se verifica é que sob o aspecto financeiro a Universidade é tratada como se fosse uma simples fonte de gastos. Ou seja, para nós, tradicionalmente no Brasil, o serviço público é uma espécie de ralo por onde somem os recursos públicos. A função do serviço público é servir o povo, não é servir a economia e dar dinheiro.

Para nós, tradicionalmente no Brasil, o serviço público é uma espécie de ralo por onde somem os recursos públicos. A função do serviço público é servir o povo, não é servir a economia e dar dinheiro

A economia nós faremos restringindo a propaganda governamental. O governador do estado faz propaganda da sua gestão, indo contra a Constituição, e ele resolve fazer economia em serviços públicos. Isso é um escárnio. É preciso que se diga claramente que o Ministério Público Estadual é culpado por não atacar essa propaganda governamental que é feita com dinheiro do povo simplesmente para beneficiar o governador de plantão.

O artigo 37 parágrafo 1º da Constituição proíbe a publicidade oficial em tom de propaganda ou para projetar a figura oficial de políticos, e é o que se faz de alto a baixo em todos os estados da federação.

O senhor falou que a reitora perdeu a confiança da comunidade. Uma vez posto isso, qual o caminho a ser seguido?

Infelizmente, o Estatuto da USP não abre um caminho. É por isso que tem que ser mudado. A reitora da Universidade não é eleita pelo Conselho, ela é nomeada pelo governador. Claro, a partir de uma lista tríplice, mas essa lista é formulada por uma maioria esmagadora de professores. Os estudantes e funcionários são subrepresentados no Conselho Universitário.

E, além disso, no momento em que ela perdeu a confiança de todos, ela não pode ser destituída. Nem o governador pode a rigor destituí-la, porque ela é nomeada por tempo certo.

Isso não é democracia. Até agora, funcionou porque a exigência democrática na sociedade brasileira era muito fraca. Mas a nova geração não se conforma com isso. A minha geração ainda achava que a elite é que deveria governar e que o povo é ignorante e incompetente. Hoje, graças a Deus, essas noções vão desaparecendo.

O povo sabe que não é idiota e sabe que é explorado, que não tem condições de manifestar sua soberania. Qual o fundamento da democracia? Todo poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes ou diretamente. Os reitores de universidades não são representantes do povo universitário, e isso é de uma verdade mais do que evidente.

Então, nós temos que continuar pregando a República e a democracia na Universidade mesmo quando não há chance para que nossa pregação seja ouvida. Aos poucos, nossas reivindicações vão penetrando nas consciências, e quando a maioria se convencer que nós vivemos um regime político imoral, explorador e desordeiro, esse regime estará com os dias contados. Infelizmente, não será para o meu tempo.

Os fatos da semana passada podem marcar um momento de inflexão dentro da luta por democracia na Universidade?

Eu espero que sim, mas é preciso não perder de vista o seguinte: toda vez que a imoralidade e a violência irracional crescem na sociedade, a direita se torna mais forte. A direita espera sempre que haja alguém forte e decidido para tomar conta do Estado. E é o que está acontecendo. Há um grupo forte de estudantes que não acredita mais em democracia e nunca acreditou em República e está esperando algo como um fascismo tupiniquim.

Eu não tenho raiva deles, pelo contrário, considero como meus filhos e, de certa maneira, eu sei que eles estão errados. Nós erramos ao deixar de lutar eficazmente pela democratização da Universidade, nós erramos ao sermos condescendentes com a corrupção, e agora estamos pagando o preço disso.

Por outro lado, a verdadeira esquerda não é anárquica ou destruidora. A verdadeira esquerda é aquela que se liga indissoluvelmente aos pobres, aos humilhados e aos oprimidos.

E é por isso que quando surge uma figura como o Lula, que está longe de ser perfeito, mas que tem sensibilidade pelo pobre e que fala a linguagem do pobre, ele é não só acolhido como ele é venerado. E isso irrita profundamente a direita e a esquerda.

Neste momento de greve, sempre há quem queira desmerecer as decisões tomadas em assembleias.

Olha, as eleições no Brasil e em vários outros países não são uma manifestação de soberania. O povo não consegue impor a sua vontade unicamente elegendo representantes. Para que possa impor sua vontade, seria preciso, em primeiro lugar, que além de eleger, tivesse o poder de destituir.

Isso se chama recall. Isso existe em 15 estados dos Estados Unidos. No momento em que o povo soubesse que ele pode eleger, mas que pode também destituir, a política mudaria de figura.

Em segundo lugar, o povo precisa ter o direito de se manifestar sobre temas econômicos, políticos e sociais diretamente. É preciso abrir o referendo e o plebiscito. O Congresso Nacional impede isso porque é contra o clube deles, tanto de esquerda quanto de direita.

Analisando em termos gerais, vê-se uma reação da sociedade opondo-se fortemente às ações estudantis, tidas como radicais. Qual o papel que a Universidade vem desempenhando na sociedade para que se acabe alastrando esse tipo de opinião?

O grande problema é que a Universidade, todas as universidades públicas de modo geral, talvez com honrosas exceções, agem com objetivos não-republicanos. Ou seja, como se fosse um assunto privado. Professores se ocupam com a sua carreira, funcionários com a sua carreira, estudantes com o seu diploma.

Esta faculdade está no centro de uma metrópole cujo peso de pobreza e de miséria é imenso. A cem metros daqui, nós podemos entrar em um cortiço onde as pessoas alugam cama por algumas horas. E sobretudo no frio, agora no inverno, fazem questão de alugar uma cama de alguém que acabou de sair porque ela está quentinha.

A Faculdade de Direito, que está aqui no centro da miséria, cujas portas se abrem toda manhã com dezenas de pedintes, de miseráveis que dormiram ao relento, a faculdade não se preocupa com isso.

Não há nenhum professor que dê como trabalho prático aos seus alunos cuidar de contratos de locação dos cortiços aqui do centro. Quer cuidar disso? Vai ver como se aluga cama durante oito horas e, portanto, dá três aluguéis por dia.

Quando se trata de discutirmos problema de direito do trabalho, por que não enviar os alunos até quem precisa?

A Universidade pública existe para quê? Qual o objetivo dela? Ela é financiada sobretudo pelos pobres, que não têm o menor retorno da Universidade. É claro que eles têm raiva. Agora, no dia em que as universidades se voltarem para os direitos dos pobres, aí eu quero ver as classes abastadas dizerem que a Universidade só faz desordem e que ela depreda, que ela atinge a Polícia Militar.

O problema brasileiro, fundamental, já foi dito na primeira metade do século XVII pelo primeiro historiador do Brasil, Frei Vicente do Salvador: nenhum homem nesta terra é republico nem zela e trata do bem comum, se não cada um do bem particular.

[com informações da Rede Brasil Atual, 20 de Junho de 2009].

sábado, 20 de junho de 2009

Os "bunkers" virtuais

por Clóvis Rossi


Carta do leitor Jorge Henrique Singh, aparentemente um estudante, publicada no domingo, ajuda a entender não apenas o quadro na USP como, mais amplamente, a catatonia da sociedade brasileira.

Diz Singh, em sua carta, que "os estudantes pesquisam, conversam e protestam em rede antes de se deixarem levar por pregadores ideológicos profissionais" .
Então tá, os estudantes retiraram-se para um "bunker" virtual em que "protestam em rede". Enquanto isso, o que ele chama de "pregadores ideológicos profissionais" tomam conta da vida real (e da USP) -sem que os virtuais saiam um pouco de seu mundinho.
Vale para a USP, vale para o conjunto da vida em sociedade. Basta ver a quantidade de "protestos em rede" que giram em torno dos escândalos políticos sem conseguir comover os autores, que preferem a vida real (e a bufunfa real).
Faz pouco, o colunista do "New York Times" Nicholas D. Kristof produziu um belo texto mostrando que a esmagadora maioria dos blogs ou demais instrumentos em rede trava um diálogo de "nós com nós mesmos", ou seja, com quem pensa da mesma maneira (no caso dos Estados Unidos, democratas com democratas, neocons com neocons e por aí vai).
Não há verdadeiramente diálogo se por este se entender um debate entre ideias diferentes. Há um monólogo em que se ouvem apenas vozes com a mesma entonação, uma espécie de onanismo virtual, sem contato com o sexo oposto (no caso, as ideias opostas).
Com isso, desperdiçam-se as possibilidades de democratização oferecidas pela internet. Há, sim, uma imensa cacofonia de vozes, mas, na outra ponta, os ouvidos se fecham para aquelas que não são agradáveis, por desafiarem certezas cultivadas nos "bunkers" virtuais.
Pena que os problemas se resolvam é na vida real.

[texto publicado no jornal Folha de São Paulo em 16 de Junho de 2009]

A Univesp é um bom caminho para ampliar o acesso ao Ensino Superior no país?


NÃO

Univesp é arremedo de ensino superior

por César Augusto Minto


NO BRASIL , é comum atribuir relação intrínseca e biunívoca entre ensino à distância (EàD) e tecnologias de informação e comunicação (TIC), modernas ou não.

Ledo engano, pois tais tecnologias não caracterizam nem sequer são exclusivas do EàD. A incorporação das TIC no ensino presencial, por sinal, é modesta, entre outros motivos, porque faltam às instituições de ensino recursos para prover a infraestrutura necessária.

Por outro lado, a prática do EàD no país apresenta características negativas: 1) cursos modulares, aligeirados; 2) reduzida carga de ensino presencial, nem sempre conduzida por professores (substituídos por monitores e tutores); 3) fragmentação do processo de ensino: planejamento, elaboração, acompanhamento e avaliação realizados por pessoas distintas; e 4) precarização do trabalho dos docentes, monitores e tutores, todos submetidos a contratos temporários. Educadores e pesquisadores têm estudado o tema. Experiências que também se valeram em parte do EàD (como as licenciaturas parceladas no MT e o projeto Gavião no PA) auguram alguns indicadores positivos.

Mas ainda não dispomos de um conjunto fundamentado de saberes sobre o assunto que justifique a adoção plena do EàD. Contudo, instituições e pessoas distorcem os esforços citados para defender o seu uso indiscriminado, a começar pela formação de professores e em larga escala. Os defensores incondicionais do EàD têm agido rapidamente, tanto no plano nacional (criação da UNIVERSIDADE Aberta do Brasil) como em SP, onde criaram o programa UNIVERSIDADE Virtual do Estado de São Paulo (Univesp). Discutiremos aqui duas de suas alegações: 1) EàD e Univesp democratizam o acesso ao ENSINO SUPERIOR (ES) e 2) suprem a falta de professores de algumas disciplinas.

Grande contingente de pessoas não tem acesso ao ES presencial, supostamente por questões sociais ou geográficas; assim, a adoção do EàD seria uma iniciativa democratizadora. Porém, muitos desses excluídos residem em municípios onde há ES público, presencial e de qualidade, mas sem vagas em número suficiente.

Ora, se há jovens alijados do ENSINO SUPERIOR por razões sociais ou econômicas, os instrumentos a usar são outros: cursos noturnos, bolsas de estudo, moradia estudantil etc. Quanto às regiões desprovidas de ES, o Plano Estadual de Educação-Proposta da Sociedade Paulista (parado na Assembleia Legislativa) resolveria tal problema por meio da expansão das instituições públicas presenciais.

Do ponto de vista educacional, o EàD poderá trazer inúmeras limitações para os estudantes, desde ausência de programas de iniciação científica a dificuldades de acesso a boas bibliotecas e a laboratórios bem equipados. E serão privados da indispensável interação entre os estudantes, destes com os professores e de uns e outros com os objetos de conhecimento, em prejuízo da aprendizagem.

Vários países adotam EàD para contemplar pessoas que não podem ser atendidas presencialmente: impossibilitados de locomoção, prisioneiros, militares engajados em regiões de fronteira etc. Por que não se faz isso no Brasil? Por que se busca impor o EàD em substituição ao ensino presencial regular?

Todas as redes públicas de ensino, incluindo a paulista, sofrem com a falta de docentes, em especial de física, matemática, química e biologia. Mais do que a insuficiência de professores formados, porém, prevalece a precariedade das condições de trabalho e salário nessas redes, ignorada por sucessivos governos.

Há um contingente subutilizado de docentes que estão atuando em outras áreas por ausência de condições na rede pública paulista. Curiosamente, um dos cursos que darão início à Univesp, com 5.000 vagas, é o de pedagogia, área na qual não faltam profissionais!

Por que comprometer perigosamente a formação de professores nas próximas gerações? Por que oferecer apenas e tão-somente o EàD àqueles que, por razões socioeconômicas e, sobretudo, pelo sucateamento da rede pública, não estão tendo a oportunidade de frequentar o ENSINO SUPERIOR público presencial?


CÉSAR AUGUSTO MINTO, 59, é professor na Faculdade de Educação da USP e vice-presidente da Adusp (Associação dos Docentes da USP).

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SIM

O papel da sociedade

por Gil Costa Marques

A UNIVERSIDADE tem duas funções primordiais. A primeira é expandir as fronteiras do conhecimento e, assim, enriquecer a cultura científica e tecnológica do país. A mais importante, no entanto, é promover a formação de recursos humanos qualificados, os quais são elementos-chave no fomento do desenvolvimento econômico e social.

Para melhor cumprir sua função social, as universidades públicas devem buscar alternativas, além do ensino presencial, visando à ampliação da oferta de cursos novos. Isso levaria à formação de mais indivíduos qualificados para alavancar o desenvolvimento da sociedade que as sustenta.

Por isso, vemos como positivas as iniciativas das universidades estaduais paulistas de investir no ensino à distância. A universidade é o espaço da criatividade, da pesquisa e da inovação. Espera-se dela que investigue e analise novas ideias e experiências de natureza educacional. Assim, urge encontrar mecanismos institucionais visando à incorporação das novas tecnologias tanto no apoio ao ensino presencial quanto na ampliação de cursos de extensão e de graduação.

Há uma demanda crescente pelo ensino de qualidade. Há, por outro lado, no modelo atual de ensino, uma limitação de recursos materiais e humanos que impede o atendimento cabal dessas demandas. Com a evolução das ferramentas voltadas para o ensino, a modalidade à distância se torna uma alternativa viável para atender boa parte da demanda reprimida.

Portanto, a questão do uso das novas tecnologias não é se devemos utilizá-las para ampliar a oferta de cursos, mas como fazê-lo e em que ritmo.

O uso das novas tecnologias no ensino pode representar uma mudança de paradigma. Trata-se de uma forma de democratização do ensino e uma alternativa de inclusão social para aqueles que, por conta da sua condição social ou localização geográfica, não têm acesso ao ensino presencial.

Pode a universidade pública furtar-se à pesquisa, à disseminação e ao uso de um instrumento tão promissor?

Podemos oferecer cursos à distância sem que se perca a comprovada qualidade do ensino presencial?

Temos pouca experiência nessa modalidade, mas chamamos a atenção para um caso concreto. Tendo em vista a necessidade de formação de professores, a UFRJ oferece cursos à distância. O relatório de avaliação do curso de física indica que o desempenho dos alunos e a taxa de evasão são os mesmos dos cursos presenciais. A experiência da UFRJ demonstra que uma universidade de prestígio pode praticar ensino à distância mantendo o mesmo nível do ensino presencial.

O senso de responsabilidade exigido de USP, Unesp e Unicamp impõe, por outro lado, muita cautela para que não se comprometa a qualidade do ensino. Ademais, ninguém, ao que se saiba, defende a substituição ou a redução do ensino presencial.

As duas propostas em discussão na USP, por exemplo, visam tão-só à ampliação da oferta de cursos. Elas foram formuladas por 32 docentes de vasta experiência e devem ser (ou foram) analisadas em seis instâncias diferentes na universidade. Uma vez que temos um longo percurso pela frente e estamos apenas aprendendo a ensinar utilizando essas novas tecnologias, essa cautela é justificável. Novos cursos e modelos educacionais, além dos já sugeridos, devem ser analisados no futuro.

Por que deveríamos, nesse momento, ampliar a oferta de cursos? Uma nova perspectiva se abre quando analisamos o problema do ensino de ciências e matemática no Brasil.

É sabido que avaliações recentes colocam o ensino dessas matérias no país entre os piores do mundo. Um dos entraves ao ensino de ciências é a qualificação dos docentes. Assim, acreditamos que a USP deve oferecer, num primeiro momento, cursos de extensão e cursos de licenciatura à distância nos diversos ramos das ciências e pedagogia.

Com isso, estaria atendendo a uma demanda de claro interesse social.

A questão central é se essas universidades querem lançar mão do ensino à distância para resgatar uma enorme dívida social. Estão sendo instadas a resolver um problema cuja solução está a seu alcance. Cabe a elas contribuir, de forma significativa, para a melhoria do ensino no Brasil.


GIL DA COSTA MARQUES, 63, é professor titular do Instituto de Física da USP, coordenador de Tecnologia da Informação da USP e membro do conselho da Univesp.


Os artigos acima foram publicados na seção "Tendências e Debates" do jornal Folha de São Paulo em 20 de Junho de 2009.

Contra a presença da Polícia Militar na Universidade de São Paulo



Professores distribuíram 3 mil flores no ato realizado
no último dia 18 de Junho, em São Paulo. O ato remete principalmente
aos fatos ocorridos no campus da universidade na tarde do dia 09 de Junho.


Por que os grevistas são contra e-learning?